quinta-feira, 17 de maio de 2007

Porque o diabo quiz assim...

Quando eu era pequena dizia-se que tínhamos aumentado a longevidade da população em função de melhores condições de vida, que ninguém mais deveria morrer de verminoses, inflamações e infecções bobas. Os perigos seriam as doenças do coração, o câncer e outras doenças típicas da terceira idade.

O tempo passou e continuamos enfrentando os mesmos problemas, no entanto, cada vez menos associados à terceira idade e mais assombrando adultos jovens, adolescentes e até crianças. Ouço que isso é fruto do stress, que significa incapacidade do organismo de lidar com as exigências do meio.

Isso leva a duas possibilidades: o meio ambiente ficou mais agreste e/ou nosso organismo ficou menos capaz. Acredito nas duas. Quanto ao meio ambiente não posso fazer muito, mas quanto à capacidade do meu organismo, depende de cuidados pessoais. Posso então aceitar o desafio, ou lamentar a sorte.





Refinar: Tornar mais fino, delicado; apurar; aperfeiçoar


Alimentos refinados deveriam ser alimentos aperfeiçoados, deveriam dar ao organismo só aquilo que lhe interessasse, na forma em que melhor fossem absorvidos.

Pena que nossos organismos entenderam errado. Para eles, alimentos refinados são alimentos aleijados, destituídos dos componentes que lhes são mais caros... Além disso, como são absorvidos mais rapidamente, representam um problema para o próximo estágio: exigem esforço concentrado para que sejam metabolizados tão logo quanto disponíveis, fazendo todo o organismo funcionar ao trancos.

Nossas avós (ou bisavós, depende) devem se lembrar que por aqui não havia o hábito de comer pão branco, de trigo. Foi necessária muita propaganda para convencer as pessoas a comerem pão branquelo e aguado. Agora é hora de repensar nosso paladar e, pensando bem, os refinados nem são necessariamente mais gostosos. É possível encontrar integrais, macios, fofinhos, coloridos e crocantes.

O Ministério da Saúde adverte: 1 em cada 3 pés de alface é tóxico.


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulgou o resultado de suas análises, feitas no ano passado, para acompanhamento do nível de resíduos de agrotóxicos nos alimentos. As boas notícias vêm com os resultados da batata e da laranja, mas as demais não são muito animadoras. Veja o que diz a Anvisa:

O Brasil é o
terceiro maior mercado consumidor de agrotóxicos do mundo. O uso abusivo de
agrotóxicos, entretanto, ameaça a saúde do consumidor e do trabalhador rural,
além de contaminar o meio-ambiente.

Depois de ler isto, ficam para mim algumas várias dúvidas:
Se 1 em cada 3 pés de alface é tóxico (ou melhor, tem resíduos tóxicos em quantidades não seguras) como será que estão as demais verduras? Couve, rúcula, chicória?
O que será que faz ficar doente mais rápido? Comer a salada do restaurante por quilo aqui perto ou não comer salada alguma?
Será que no Estado de São Paulo os alimentos são mais ou são menos contaminados que no resto do país?
Será que os cereais também estão contaminados?
Será que os cereais refinados têm menos agrotóxicos que os integrais, ou seja, será que os resíduos de agrotóxicos se concentram nas cascas desses grãos?
Porque a Anvisa não coloca logo no site o resultado completo do trabalho?
Porque o acompanhamento da Anvisa é tão pouco abrangente?
Ai, SOCORRO!!!

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Refrigerante ou garapa?

Se você tiver pensando em trocar o refri por garapa, acho uma boa idéia, principalmente porque é tão enjoativo que não dá para tomar um copo de 700 ml. Mas lembre-se que colocar limão vai disfarçar o açúcar e permitir que se tome mais do que o saudável.

Aliás, não estou defendendo a garapa só porque ela é natural enquanto o refrigerante é artificial; não acredito nesta história de toque de Midas ao contrário, que tudo em que o homem põe a mão fica ruim. O que acontece é que não podemos contar com os milhões de anos de evolução do organismo humano para garantir o desenvolvimento de mecanismos eficientes para aproveitar e eliminar as substâncias alimentares.

Para os alimentos in natura vale a regra sgundo a qual devemos comer aquilo que nos dá prazer, enquanto que os alimentos processados e "mandraqueados' são uma verdadeira loteria, e aí...

O mais seguro é procurar imitar direitinho a boa e velha natureza.

Você sabia que...

Uma lata de refrigerante contém tanto açúcar quanto duas colheres de sopa cheias de mel ou 250 gramas de cana de açúcar.
Ou seja, cada vez que tomar uma latinha de refri, imagine comer junto duas colheradas de mel. Não seria enjoativo? Então pense se seu organismo precisava daquela energia toda. Talvez seu corpo estivesse somente com sede e precisasse de apenas... água.
Imagine agora trocar o refrigerante pelo equivalente em pedaços de cana de açúcar. Só de pensar em roer toda essa cana já faz desistir. E para o organismo as duas coisas são muito diferentes, o refrigerante fornece açúcar que estará no sangue em poucos minutos, enquanto que chupar cana é uma tarefa muuuuuuito mais demorada.

Açúcar - Uma explosão de sabor

O açúcar é a forma mais rápida, direta e eficiente de fornecer energia ao organismo, por isso é um componente valioso em uma dieta saudável. Isto é pura verdade, mas é também um excelente exemplo de como contar uma mentira usando apenas verdades. O problema está, como sempre, no exagero.

Um alimento muito purificado é de fácil absorção. Isso significa que só um pouquinho de açúcar representa uma grande quantidade de energia rapidamente liberada, faz o corpo trabalhar rápido para aproveitar logo esse 'presente'. Só que fazer isso todos os dias, acaba sendo uma sobrecarga.

A explosão de energia acaba explodindo nossa saúde. Então, devagar, o organismo pára de funcionar. Primeiro ocorre uma discreta elevação nos níveis de insulina, depois vêm as dificuldades para manter estável o nível de glicose no sangue. Neste ponto os médicos já vão diagnosticar como doença e indicar uma dieta muito restritiva para alguém que até então achava que açúcar era energia e força. A justificativa é que nesta fase qualquer quantidade de açúcar já é uma sobrecarga, e continuar forçando o organismo pode gerar sérias complicações.

Hipoglicemia, diabetes e doenças afins não são como intoxicação alimentar, em que horas depois da refeição já percebemos seus efeitos e depois tudo volta ao normal. O diabetes tipo 2 é praticamente uma conquista, resultado do abuso diário e muito treinamento para que nosso paladar acostume-se com quantidades cada vez maiores de açúcar e carboidratos refinados.

É verdade que a maioria das pessoas pode passar a vida toda com uma alimentação inadequada e não desenvolver diabetes, mas a maioria dos doentes poderia ter escapado disso e, além da possibilidade do diabetes, todos têm muito a ganhar com uma dieta mais saudável.

segunda-feira, 23 de abril de 2007


Energia Vital (colaboração da Nutricionista Maria Tereza Casulli)

O texto com o título Mundo Antigo andou suscitando perguntas. E a Nutricionista Maria Tereza Casulli empolgou-se em comentar. Nossa gratidão a ela pelos esclarecimentos!

DoceClaris: ... escreve o autor: "Hoje essa arte primitiva está sendo redescoberta por engenheiros e cientistas de todo o mundo e reutilizada para a medição da vitalidade dos alimentos." Existe mesmo esta medição?

Tereza: Existe sim! Há estudos avançados nos EUA sobre a energia vital dos alimentos e existe até uma tabela em que constam várias medidas experimentais. Por exemplo, um alimento vai perdendo energia vital à medida em que vai apodrecendo. E, dadas determinadas condições ambientais de conservação, quando menor a energia vital inicial, mais rápidamente ocorre a deterioração. Uma cenoura conservada na geladeira pode brotar ou enraizar, apenas desidratar, murchar ou ressecar, ou ainda apodrecer. E isso depende do quanto de energia vital ela contém. Por um ensaio com cenouras que eu já fiz, constatei que um produto da agricultura natural conserva-se por mais tempo que um produto da agricultura convencional.

DoceClaris: E que efeitos tem uma maior ou menor energia vital sobre a saúde humana?

Tereza: Um alimento com maior nível de energia vital pode permitir uma ingestão calórica menor pois a energia vital também decorre de um bom suprimento e equilíbrio de micronutrientes e vitaminas. É diferente daquilo que se chamam calorias vazias, não se tratam apenas de macronutrientes. Alimentos com maior energia vital, alimentam não só o corpo físico mas também os corpos sutis, energéticos do ser humano.

Hoje constatamos que os alimentos com maior energia vital, são os alimentos funcionais como frutas, cereais integrais, farelo, cítricos, verduras escuras, sementes oleaginosas, chás probióticos – verde - , grãos. São alimentos protetores, funcionais porque nutrem as células e as ajudam a se desenvenenar.

DoceClaris: Como os grãos integrais, por causa dos embriões?

Tereza: O gérmem dos grãos integrais são seus embriões e têm maior energia vital. Contém uma gama enorme de minerais, fibras solúveis, vitaminas comp.B, nutrientes... O embrião (gérmem) é onde está o alimento... E a gente tira! E o que acaba acontecendo? Costumo dar este exemplo: a compulsão por carboidrato nada mais é do que uma busca incessante - por que na natureza os cereais são uma fonte importante - de vitaminas do complexo B e fibras, fundamentais nos processos de fabricação de energia. Como os cereais foram refinados, o seu consumo não vai suprir e o corpo pede mais. Essa compulsão por carboidratos é um fator de origem nutricional e de vitalidade também.

A industrialização ocorreu de uns 100 anos pra cá, e é nesse período que a gente observa as conseqüências do refinamento na saúde, com o diabetes, obesidade, problemas de saúde pública.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Palavras da Nutricionista Maria Tereza Casulli sobre Saúde Intestinal

Na primeira postagem dos intestinos preguiçosos, adiantamos que não iríamos tratar sozinhas sobre as conseqüências da constipação para a saúde. Pois bem, eis porque reservamos esse assunto para o final da série, trazendo como colaboradora a Nutricionista Maria Tereza Casulli.

Então vamos apresentá-la: A Nutricionista Maria Tereza que, com a devida licença, será chamada de agora em diante Tereza, é grande propagadora da Alimentação Natural como meio de preservar ou melhorar a saúde. Formada há mais de 20 anos, dedica-se à orientação clínica nutricional, colocando a serviço uma gama de talentos que vão desde a ciência da nutrição até muita psicologia para bem avaliar e estímular mudanças comportamentais nos pacientes em benefício de sua saúde.

DoceClaris: Afinal o que é, em essência, a Alimentação Natural?

Tereza: A Alimentação Natural se apoia em dois princípios fundamentais: 1) Os alimentos mais apropriados para o ser humano são aqueles que se encontram disponíveis na região e ainda, o mais próximo possível do estado em que a natureza nos oferece; 2) O corpo humano é soberano, e um aparelho digestivo fortalecido é capaz de fabricar e disponibilizar tudo o que o corpo precisa. A ciência atual já admite que, num intestino com microecologia (microflora + meio circundante) interna correta, as bactérias são capazes de fabricar até vitamina B12, que sempre foi tida como uma vitamina de fonte exclusivamente animal. No ramo da nutrição clínica funcional, o intestino é hoje considerado nosso 2º cérebro, pois suas paredes também produzem neurotransmissores para suprimento de todo organismo!

DoceClaris: Então vamos falar de constipação: aparentemente, muita gente não sabe quão lenta é a sua digestão. A incidência de constipação na população é muito grande?

Tereza: É enorme! E, embora esta não seja uma estatística epidemiológica, em minha experiência clínica mais de 50% dos pacientes apresenta constipação. Este sofrimento pode envolver muitos fatores desde emocionais até a questão do tempo, muito relevante. Adultos hoje se comportam como crianças que, enquanto estão brincando, não podem parar para seguir o instinto fisiológico. Os adultos não têm tempo de ir ao sanitário e sentar, não podem parar o que estão fazendo. Muitos sentem o estímulo fisiológico mas têm o inconveniente de não poderem fazer fora de casa. A vida moderna acaba gerando esses problemas. Numa conversa na clínica a gente pode avaliar que o intestino - a natureza - até tenta mostrar um caminho, dar um sinal, mas a pessoa não deixa transcorrer da forma natural como deveria. Até em consultório a gente ter que falar: “Quebre uma barreira e, diante do sinal, aprenda a utilizar o toillete da empresa. Aprenda a disponibilizar meia hora para ficar sentado, pra deixar a natureza agir”.

DoceClaris: E o que não seria constipação, torna-se.

Tereza: Há ainda um fator emocional, o apego. O intestino preso está muito ligado ao apego. Normalmente o constipado costuma ter gavetas entulhadas de coisas, armários lotados, coisas que se acumulam. E o intestino também manda mensagem dando sinais de como é o comportamento, o sentimento da pessoa.

Mas o mais importante, afinal, é a questão da hidratação. Numa simples conversa na clínica a gente avalia a hidratação. Normalmente, o indivíuo que é obstipado, cujo intestino não funciona direito, a gente não chama de ressecado? Pois então, é por que está seco! Toda a captação e distribuição da água do organismo é feita no intestino; os órgãos todos, as células, o sistema de defesa, o sangue, precisam de água em abundância e, sendo sua necessidade maior, acaba sobrando muito pouco no intestino. Nessas condições, às vezes a pessoa entra com uma conduta de fibras, o que exige uma hidratação ainda maior. Imagine você colocar fibras muito secas (farelos) num lugar que já está ressecado! Isso pode gerar um problema muito maior do que o que havia anteriormente. Pode ocorrer uma obstrução de alça, formar um bolo obstrutivo muito grande.

Então o primeiro fator a ser observado é a hidratação. São dicas simples, a gente tem que começar interferindo em coisas simples assim, como é o ato de beber água. Dizemos que a quantidade ideal é 30ml por kg de peso por dia. Temos que esinar as pessoas a começarem o seu dia, a sair do jejum, tomando 2 copos de água, e então a darem continuidade com esse volume de água durante o resto do dia para promover a hidratação. Esse é o primeiro passo para ajudar o intestino.

DoceClaris: E qual o “custo” da constipação para a saúde em geral?

Tereza: É como falar que “fulano é enfezado”. A palavra já diz, é um indivíduo cheio de fezes. E um intestino assim vai ser um capturador, vai promover a absorção de substâncias tóxicas. A permanência de fezes no intestino, e conseqüente fermentação, vai gerar substâncias tóxicas para o corpo, de nomes nada bonitos, nada agradáveis como cadaverina, putrefatina, etc. Quanto mais tempo, quanto mais contato com a luz intestinal, esta vai sofrendo a ação desssas substância nocivas. E o contato da parede intestinal com essas substâncias pode induzir uma hiperpermeabilidade, tornando o intestino uma peneira, que impede a absorção e permite a migração para a corrente sangüínea de alguns peptídeos capazes de provocar ataques de alergia pois o sistema imunológico detecta essas substância como um corpo estranho.

Isso tem grande relação com a enorme incidência de alergias alimentares, em especial a lácteos e a glúten. As alergias ocorrem por substâncias dos próprios alimentos, por peptídeos em princípio inofensivos como os de frango, de ovos, de carne vermelha, ou mesmo de glúten, que é uma macromolécula de alta permeabilidade. Assim, os alimentos apresentam diferentes graus de alergenicidade, sendo o do trigo um dos maiores.

Com a migração dessas substâncias para a corrente sangüínea e o conseqüente ataque do sistema de defesa, uma série de sintomas de difícil diagnóstico passam a se manifestar no indivíduo como por exemplo cansaço, sonolência, falta de concentração, dor articular, distúrbio de atenção em crianças, hiperatividade...

DoceClaris: Como deve proceder uma pessoa para avaliar se é constipada ou não?

Tereza: Diante de uma alimentação correta e dado um nível normal de exercício físico, um intestino saudável deveria promover uma evacuação para cada refeição principal, num tempo entre 8 e 12 horas depois dela. O saudável seria 3 vezes por dia, uma para cada uma das principais refeições.

Pode ocorrer de haver tal freqüência mas nunca se esvaziar o intestino, o que também não é uma condição ideal. Então diagnosticamos a constipação pela observação de esforço para evacuar, produção excessiva de gases, gases de forte odor, fezes empedradas (tipo cabritinho), esgarçada, rachada, ou em que se pode visualizar o alimento que foi ingerido, o que não é desejável pois característico de uma má digestão, falta de enzimas e má absorção.

DoceClaris: O que mais a análise das fezes pode dizer ao observador?

Tereza: A análise das fezes permite avaliar o grau de absorção e aproveitamento dos nutrientes. A presença de muco, por exemplo, é um grande desperdício de minerais e de proteínas. Um alto consumo de papel para higienização após a evacuação indica uma desbiose intestinal, ou seja, que está havendo um crescimento de bactérias nocivas superior ao dos lactobacilos e outros microorganismos benéficos, o que também incorre em má absorção de nutrientes. O saudável seria não precisar de higienização após a evacuação, como os animais.

DoceClaris: E sobre as análises clínicas de fezes? Avaliam assim também?

Tereza: A atual análise clínica de fezes não leva em conta estas coisas. Nos primórdios da medicina, a análise das fezes e da urina era importante fonte de dados para os estudos, assim como hoje o é para o ramo da Nutrição Clínica Funcional.

Este ramo da Ciência da Nutrição desenvolveu todo o seu procedimento para melhorar, recuperar e potencializar a saúde do aparelho digestivo com foco no intestino. O indivíduo enfezado (cheio de fezes) tem o seu humor deprimido e comprometido pois intestino congestionado é causa de depressão. Para nós, intestino limpo e descongestionado implica em cabeça firme, leve e decidida.

Interessantíssimo! Esta entrevista com a Nutricionista Maria Tereza Casulli rendeu um filhotinho: em outra postagem vai o instigante assunto sobre Energia Vital dos alimentos. Até lá.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Cobertura de Chocolate sem leite

Cada vez mais nos deparamos com pais aflitos com alguma alergia de seus filhos, muitas vezes a produtos lácteos em geral.

Nada mais exasperante! Imaginamos a dificuldade de se administrarem crianças ansiosas por iogurtes, sovetes e chocolates e então, quem sabe esta receita ajude.

Pode ser usada como cobertura para bolos ou mesmo pão de mel. Também fica muito bom acompanhando bananas, laranjas, peras... Quentinha, vale um fondue.

Assim, bom apetite.

Ingredientes:
1 colher de sopa de extrato de soja (leite de soja) em pó*
2 colheres de sopa de cacau em pó**
3 colheres de sopa de açúcar demerara
3 colheres de sopa de manteiga de cacau ou gordura de palma
1/2 xícara de água
1/2 colher de sobremesa de amido de milho

Modo de fazer:
Misturar tudo no liqüidificador e cozinhar em fogo baixo até obter uma calda grossa. Deve render 240 g de cobertura.

Como poderá observar, essa receita não tem nada de light e ainda contém açúcar. Mesmo assim pode ser considerada equilibrada: porque

1- Cada porção de 20g (uma colher de sopa) contém 2% do VD (quantidade diária recomendada para ingestão do nutriente) de carboidratos, proteínas e fibras, bastante semelhante as melhores coberturas feitas com leite . Bem... porque muitas coberturas compradas prontas são só açúcar, açúcar, açúcar, corante e aroma. Um escândalo!

2- Apesar de ser bem gordinha - tem muita gordura em relação aos demais nutrientes - o teor calórico é compatível com as coberturas de chocolate em geral, ou seja, é para comer pouco. Também não vale trocar a manteiga de cacau ou gordura de palma por margarina ou manteiga, elas são gorduras menos saudáves e podem conter leite.


* Dica: O melhor extrato de soja é aquele produzido pela Olvebra.
** Infelizmente não serve chocolate em pó, tem que ser cacau mesmo, porque o chocolate sempre têm leite misturado.

Sem tempo para fazer? Em www.clarisalimentos.com.br, esta cobertura será light, sem adição de açúcares e muito rica em fibras, o que, infelizmente, ainda não dá pra ser feito em casa.

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Mundo Antigo

“Aquilo que a vanguarda da endocrinologia nos diz hoje, as feiticeiras do período que chamamos Idade das Trevas conheciam por instinto ou aprenderam por experiência. (...) Anatomia, alquimia e farmacologia floresciam entre essa gente muito tempo antes de se tornarem uma prática generalizada. Esses terapeutas da natureza acreditavam que o universo era governado por uma lei e ordem da qual faziam parte todas as pétalas de todas as plantas. (...) Enquanto os médicos eram poucos, praticando selvagens rituais masculinos, como sangrias e extirpação de membros, os naturistas eram capazes de curar as pessoas combinando os poderes curativos das plantas com postura de mãos e conselhos baseados no bom senso sobre dieta, jejum e prece. (...)
Os naturistas percebiam o poder de várias plantas e alimentos para distinguir entre uma comida saudável e substâncias venenosas, freqüentemente utilizavam um instrumento muito comum entre as civilizações antigas: uma forquilha, um pêndulo (...) presa por um pedaço de barbante. (...) Hoje essa arte primitiva está sendo redescoberta por engenheiros e cientistas de todo o mundo e reutilizada para a medição da vitalidade dos alimentos. Enquanto o suco fresco da beterraba açucareira registra 8.500 unidades de saudável e radiante energia, uma porção de açúcar refinado registra zero, embora a soma de calorias inertes possa permancer mais ou menos constante em ambos.”

Dufty, William. Sugar Blues. p. 33-34. Ed. Ground Informação: Rio de Janeiro, 1975

quarta-feira, 28 de março de 2007


Diretamente do ferro velho para sua mesa

A gordura vegetal hidrogenada foi uma grande invenção. Era indispensável na produção em larga escala de batatas fritas sequinhas, douradas e crocantes, delicados petit fours, cremes e doces que povoam o imaginário de todos nós. Sucesso absoluto de crítica e de público. Graças a ela todas essas delícias se tornaram baratas, com boa vida de prateleira e acessíveis pra todo mundo. Perfeito? Quase. Foi o consumo de gordura vegetal que nos transformou em seres atulhados de gordura trans. E ai... doenças, várias delas.

A solução foi desenvolver processos que produzissem gorduras com as mesmas características da gordura vegetal hidrogenada mas sem os mal falados isômeros trans. Demorou, mas hoje temos essa tecnologia totalmente disponível, basta trocar os equipamentos antigos por instalações mais modernas.

Essa troca está sendo feita devagar, o ritmo costuma variar de acordo com a pressão do governo e da sociedade. Por aqui no Brasil, as coisas também estão mudando, os produtos embalados já são obrigados a declarar na informação nutricional a quantidade de gorduras trans presente numa porção. Quanto menos melhor. Cabe ao consumidor escolher.

Dizer que basta trocar os equipamentos velhos por instalações modernas é um pouco simplista, pois nesta troca está envolvido um bom tanto de dinheiro. As empresas, assim como as pessoas, não têm orçamentos infinitos, mas muitas já trocaram suas matérias-primas e equipamentos. Privilegiar, no momento da compra, produtos sem gorduras trans é a forma mais efetiva de convencer todos os fabricantes de que vale a pena adequar seus produtos.

Há quem defenda que gorduras trans são indispensáveis, que não dá para fazer frituras tão boas com matérias-primas mais saudáveis. Não é verdade. Tanto que a Elma Chips (Batatinha Ruffles) já livrou todos os seus salgadinhos deste ingrediente indesejável. SEMPRE é possível fazer um produto de qualidade equivalente sem ser nocivo a saúde.

Para saber se o produto tem ou não gorduras trans, precisa ler o rótulo. Eles são, às vezes, surpreendentes. Por exemplo, a pipoca de microondas é abundante em gorduras trans, assim como a farofa temperada, e a massa folhada então... (tem uma marca famosa que nem informa o seu conteúdo de trans: deve ser por vergonha!) Já as margarinas, reduto tradicional da gordura vegetal hidrogenada, estão rapidamente trocando suas matérias-primas.

sexta-feira, 23 de março de 2007

Max Planck

“Uma nova verdade científica não triunfa convencendo seus oponentes e fazendo-os ver a luz. Mas antes, porque eles finalmente morrem e a geração seguinte já cresce acostumada a ela.”

quinta-feira, 22 de março de 2007

Microflora benéfica: uma população inteira pra você cuidar.

Continuando nosso papo sobre "intestinos preguiçosos", retomamos uma informação lá do início, quando dissemos que entre as principais causas de constipação está o uso excessivo de laxantes.

E por quê? Bem, dentro de nosso intestino, e em especial no cólon, há alguns bilhões de serezinhos microscópicos que compõem a chamada microflora* intestinal, subdividida de modo simplificado na microflora benéfica e... um certo pessoalzinho indesejado, responsável por diarréias, infecções, danos ao fígado, cânceres e putrefação do intestino, os patógenos.

Embora possam dobrar a população a cada 15 minutos se bem adaptados e nutridos, haverá entre eles uma competição por alimentos e demais condições de vida, sendo que melhor sobreviverão aqueles mais favorecidos pelos nossos hábitos alimentares. Só a título de exemplo, quanto mais proteínas tiver uma alimentação, mais se estimulará a população dos putrefativos. E ainda, se o bolo não for macio, volumoso e portanto não "andar pra frente", a coisa fica lá à vontade pra eles crescerem, produzindo toxinas que enfim serão absorvidas pelo nosso organismo.

A microflora benéfica, composta principalmente de bifidobactérias e lactobacilos, ao contrário, é favorecida pela presença das fibras – em especial as solúveis -, pois as fermentam e as aproveitam. Em retorno, seu aumento inibe o crescimento das bactérias danosas, estimula as funções imunológicas, melhora a digestão e absorção de nutrientes essenciais e a síntese de vitaminas.

Ao reconhecer a importância da microflora benéfica, compreende-se porque não é recomendável o uso sistemático de laxantes pois eles, ao desrespeitarem os movimentos naturais do intestino, muitas vezes promovendo a inversão da pressão osmótica nas paredes intestinais, saem "lavando" tudo e acabam por remover ou empobrecer muito a microflora benéfica, cujo restabelecimento é tão importante quanto difícil.

Assim, convencida de que a manutenção da microflora intestinal é uma das portas da saúde, há tempos a indústria da alimentação vem se esforçando no sentido de oferecer alimentos com propriedades probióticas e prebióticas, assunto da nossa próxima postagem.

*A Claudia discorda do nome "microflora", acharia mais apropriado se fosse "microfauna": coisas de uma imaginação fértil e traquina.

Alimentos funcionais, funcionam como?


"Desde o início da década de 90 já existiam na Secretaria de Vigilância Sanitária pedidos de análise para fins de registro de diversos produtos até então não reconhecidos como alimentos, no conceito tradicional. Com o passar dos anos, além do aumento do número de pedidos, aumentou também a sua variedade (...). Somente a partir de 1998, depois de mais de um ano de trabalho e pesquisa, contando com a contribuição de várias instituições e pesquisadores da área de nutrição, toxicologia, tecnologia de alimentos e outras, foi proposta e aprovada pela Vigilância Sanitária a regulamentação técnica para análise de novos alimentos e ingredientes, aí incluídos os chamados "alimentos funcionais"." (texto de apresentação da Comissão Tecnocientífica de Assessoramento em Alimentos Funcionais e Novos Alimentos – jul 2004)

Para tratar do caso dos "intestinos preguiçosos", vamos aos alimentos funcionais que nos interessam por ora:


  • Probióticos são alimentos que fornecem microorganismos vivos e suficientemente resistentes para sobreviverem às condições do aparelho digestivo e chegarem ao intestino grosso onde comporão a microflora benéfica. (Obs.: a Yakult se orgulha de ter introduzido o primeiro alimento probiótico no mercado brasileiro)

  • Prebióticos são alimentos que fornecem nutrientes favoráveis ao crescimento e desenvolvimento da microflora benéfica que, dominante, neutralizará eventuais efeitos patogênicos da flora indesejável. São alimentos geralmente adicionados de fibras alimentares solúveis (em quantidades que inequivocamente tenham esse fim, pois fibras também podem ser adicionadas com fins meramente tecnológicos).


Hummm... 40% das fibras fornecidas por um alimento prebiótico se transformam em massa microbiana benéfica capaz de fermentá-las; 50% em ácidos graxos voláteis; e 10% em gases. Com isso e mais alguns detalhes sobre as possíveis fontes de fibras, vamos selecionando o que vive e o que morre dentro de nosso organismo.