segunda-feira, 23 de abril de 2007


Energia Vital (colaboração da Nutricionista Maria Tereza Casulli)

O texto com o título Mundo Antigo andou suscitando perguntas. E a Nutricionista Maria Tereza Casulli empolgou-se em comentar. Nossa gratidão a ela pelos esclarecimentos!

DoceClaris: ... escreve o autor: "Hoje essa arte primitiva está sendo redescoberta por engenheiros e cientistas de todo o mundo e reutilizada para a medição da vitalidade dos alimentos." Existe mesmo esta medição?

Tereza: Existe sim! Há estudos avançados nos EUA sobre a energia vital dos alimentos e existe até uma tabela em que constam várias medidas experimentais. Por exemplo, um alimento vai perdendo energia vital à medida em que vai apodrecendo. E, dadas determinadas condições ambientais de conservação, quando menor a energia vital inicial, mais rápidamente ocorre a deterioração. Uma cenoura conservada na geladeira pode brotar ou enraizar, apenas desidratar, murchar ou ressecar, ou ainda apodrecer. E isso depende do quanto de energia vital ela contém. Por um ensaio com cenouras que eu já fiz, constatei que um produto da agricultura natural conserva-se por mais tempo que um produto da agricultura convencional.

DoceClaris: E que efeitos tem uma maior ou menor energia vital sobre a saúde humana?

Tereza: Um alimento com maior nível de energia vital pode permitir uma ingestão calórica menor pois a energia vital também decorre de um bom suprimento e equilíbrio de micronutrientes e vitaminas. É diferente daquilo que se chamam calorias vazias, não se tratam apenas de macronutrientes. Alimentos com maior energia vital, alimentam não só o corpo físico mas também os corpos sutis, energéticos do ser humano.

Hoje constatamos que os alimentos com maior energia vital, são os alimentos funcionais como frutas, cereais integrais, farelo, cítricos, verduras escuras, sementes oleaginosas, chás probióticos – verde - , grãos. São alimentos protetores, funcionais porque nutrem as células e as ajudam a se desenvenenar.

DoceClaris: Como os grãos integrais, por causa dos embriões?

Tereza: O gérmem dos grãos integrais são seus embriões e têm maior energia vital. Contém uma gama enorme de minerais, fibras solúveis, vitaminas comp.B, nutrientes... O embrião (gérmem) é onde está o alimento... E a gente tira! E o que acaba acontecendo? Costumo dar este exemplo: a compulsão por carboidrato nada mais é do que uma busca incessante - por que na natureza os cereais são uma fonte importante - de vitaminas do complexo B e fibras, fundamentais nos processos de fabricação de energia. Como os cereais foram refinados, o seu consumo não vai suprir e o corpo pede mais. Essa compulsão por carboidratos é um fator de origem nutricional e de vitalidade também.

A industrialização ocorreu de uns 100 anos pra cá, e é nesse período que a gente observa as conseqüências do refinamento na saúde, com o diabetes, obesidade, problemas de saúde pública.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Palavras da Nutricionista Maria Tereza Casulli sobre Saúde Intestinal

Na primeira postagem dos intestinos preguiçosos, adiantamos que não iríamos tratar sozinhas sobre as conseqüências da constipação para a saúde. Pois bem, eis porque reservamos esse assunto para o final da série, trazendo como colaboradora a Nutricionista Maria Tereza Casulli.

Então vamos apresentá-la: A Nutricionista Maria Tereza que, com a devida licença, será chamada de agora em diante Tereza, é grande propagadora da Alimentação Natural como meio de preservar ou melhorar a saúde. Formada há mais de 20 anos, dedica-se à orientação clínica nutricional, colocando a serviço uma gama de talentos que vão desde a ciência da nutrição até muita psicologia para bem avaliar e estímular mudanças comportamentais nos pacientes em benefício de sua saúde.

DoceClaris: Afinal o que é, em essência, a Alimentação Natural?

Tereza: A Alimentação Natural se apoia em dois princípios fundamentais: 1) Os alimentos mais apropriados para o ser humano são aqueles que se encontram disponíveis na região e ainda, o mais próximo possível do estado em que a natureza nos oferece; 2) O corpo humano é soberano, e um aparelho digestivo fortalecido é capaz de fabricar e disponibilizar tudo o que o corpo precisa. A ciência atual já admite que, num intestino com microecologia (microflora + meio circundante) interna correta, as bactérias são capazes de fabricar até vitamina B12, que sempre foi tida como uma vitamina de fonte exclusivamente animal. No ramo da nutrição clínica funcional, o intestino é hoje considerado nosso 2º cérebro, pois suas paredes também produzem neurotransmissores para suprimento de todo organismo!

DoceClaris: Então vamos falar de constipação: aparentemente, muita gente não sabe quão lenta é a sua digestão. A incidência de constipação na população é muito grande?

Tereza: É enorme! E, embora esta não seja uma estatística epidemiológica, em minha experiência clínica mais de 50% dos pacientes apresenta constipação. Este sofrimento pode envolver muitos fatores desde emocionais até a questão do tempo, muito relevante. Adultos hoje se comportam como crianças que, enquanto estão brincando, não podem parar para seguir o instinto fisiológico. Os adultos não têm tempo de ir ao sanitário e sentar, não podem parar o que estão fazendo. Muitos sentem o estímulo fisiológico mas têm o inconveniente de não poderem fazer fora de casa. A vida moderna acaba gerando esses problemas. Numa conversa na clínica a gente pode avaliar que o intestino - a natureza - até tenta mostrar um caminho, dar um sinal, mas a pessoa não deixa transcorrer da forma natural como deveria. Até em consultório a gente ter que falar: “Quebre uma barreira e, diante do sinal, aprenda a utilizar o toillete da empresa. Aprenda a disponibilizar meia hora para ficar sentado, pra deixar a natureza agir”.

DoceClaris: E o que não seria constipação, torna-se.

Tereza: Há ainda um fator emocional, o apego. O intestino preso está muito ligado ao apego. Normalmente o constipado costuma ter gavetas entulhadas de coisas, armários lotados, coisas que se acumulam. E o intestino também manda mensagem dando sinais de como é o comportamento, o sentimento da pessoa.

Mas o mais importante, afinal, é a questão da hidratação. Numa simples conversa na clínica a gente avalia a hidratação. Normalmente, o indivíuo que é obstipado, cujo intestino não funciona direito, a gente não chama de ressecado? Pois então, é por que está seco! Toda a captação e distribuição da água do organismo é feita no intestino; os órgãos todos, as células, o sistema de defesa, o sangue, precisam de água em abundância e, sendo sua necessidade maior, acaba sobrando muito pouco no intestino. Nessas condições, às vezes a pessoa entra com uma conduta de fibras, o que exige uma hidratação ainda maior. Imagine você colocar fibras muito secas (farelos) num lugar que já está ressecado! Isso pode gerar um problema muito maior do que o que havia anteriormente. Pode ocorrer uma obstrução de alça, formar um bolo obstrutivo muito grande.

Então o primeiro fator a ser observado é a hidratação. São dicas simples, a gente tem que começar interferindo em coisas simples assim, como é o ato de beber água. Dizemos que a quantidade ideal é 30ml por kg de peso por dia. Temos que esinar as pessoas a começarem o seu dia, a sair do jejum, tomando 2 copos de água, e então a darem continuidade com esse volume de água durante o resto do dia para promover a hidratação. Esse é o primeiro passo para ajudar o intestino.

DoceClaris: E qual o “custo” da constipação para a saúde em geral?

Tereza: É como falar que “fulano é enfezado”. A palavra já diz, é um indivíduo cheio de fezes. E um intestino assim vai ser um capturador, vai promover a absorção de substâncias tóxicas. A permanência de fezes no intestino, e conseqüente fermentação, vai gerar substâncias tóxicas para o corpo, de nomes nada bonitos, nada agradáveis como cadaverina, putrefatina, etc. Quanto mais tempo, quanto mais contato com a luz intestinal, esta vai sofrendo a ação desssas substância nocivas. E o contato da parede intestinal com essas substâncias pode induzir uma hiperpermeabilidade, tornando o intestino uma peneira, que impede a absorção e permite a migração para a corrente sangüínea de alguns peptídeos capazes de provocar ataques de alergia pois o sistema imunológico detecta essas substância como um corpo estranho.

Isso tem grande relação com a enorme incidência de alergias alimentares, em especial a lácteos e a glúten. As alergias ocorrem por substâncias dos próprios alimentos, por peptídeos em princípio inofensivos como os de frango, de ovos, de carne vermelha, ou mesmo de glúten, que é uma macromolécula de alta permeabilidade. Assim, os alimentos apresentam diferentes graus de alergenicidade, sendo o do trigo um dos maiores.

Com a migração dessas substâncias para a corrente sangüínea e o conseqüente ataque do sistema de defesa, uma série de sintomas de difícil diagnóstico passam a se manifestar no indivíduo como por exemplo cansaço, sonolência, falta de concentração, dor articular, distúrbio de atenção em crianças, hiperatividade...

DoceClaris: Como deve proceder uma pessoa para avaliar se é constipada ou não?

Tereza: Diante de uma alimentação correta e dado um nível normal de exercício físico, um intestino saudável deveria promover uma evacuação para cada refeição principal, num tempo entre 8 e 12 horas depois dela. O saudável seria 3 vezes por dia, uma para cada uma das principais refeições.

Pode ocorrer de haver tal freqüência mas nunca se esvaziar o intestino, o que também não é uma condição ideal. Então diagnosticamos a constipação pela observação de esforço para evacuar, produção excessiva de gases, gases de forte odor, fezes empedradas (tipo cabritinho), esgarçada, rachada, ou em que se pode visualizar o alimento que foi ingerido, o que não é desejável pois característico de uma má digestão, falta de enzimas e má absorção.

DoceClaris: O que mais a análise das fezes pode dizer ao observador?

Tereza: A análise das fezes permite avaliar o grau de absorção e aproveitamento dos nutrientes. A presença de muco, por exemplo, é um grande desperdício de minerais e de proteínas. Um alto consumo de papel para higienização após a evacuação indica uma desbiose intestinal, ou seja, que está havendo um crescimento de bactérias nocivas superior ao dos lactobacilos e outros microorganismos benéficos, o que também incorre em má absorção de nutrientes. O saudável seria não precisar de higienização após a evacuação, como os animais.

DoceClaris: E sobre as análises clínicas de fezes? Avaliam assim também?

Tereza: A atual análise clínica de fezes não leva em conta estas coisas. Nos primórdios da medicina, a análise das fezes e da urina era importante fonte de dados para os estudos, assim como hoje o é para o ramo da Nutrição Clínica Funcional.

Este ramo da Ciência da Nutrição desenvolveu todo o seu procedimento para melhorar, recuperar e potencializar a saúde do aparelho digestivo com foco no intestino. O indivíduo enfezado (cheio de fezes) tem o seu humor deprimido e comprometido pois intestino congestionado é causa de depressão. Para nós, intestino limpo e descongestionado implica em cabeça firme, leve e decidida.

Interessantíssimo! Esta entrevista com a Nutricionista Maria Tereza Casulli rendeu um filhotinho: em outra postagem vai o instigante assunto sobre Energia Vital dos alimentos. Até lá.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Cobertura de Chocolate sem leite

Cada vez mais nos deparamos com pais aflitos com alguma alergia de seus filhos, muitas vezes a produtos lácteos em geral.

Nada mais exasperante! Imaginamos a dificuldade de se administrarem crianças ansiosas por iogurtes, sovetes e chocolates e então, quem sabe esta receita ajude.

Pode ser usada como cobertura para bolos ou mesmo pão de mel. Também fica muito bom acompanhando bananas, laranjas, peras... Quentinha, vale um fondue.

Assim, bom apetite.

Ingredientes:
1 colher de sopa de extrato de soja (leite de soja) em pó*
2 colheres de sopa de cacau em pó**
3 colheres de sopa de açúcar demerara
3 colheres de sopa de manteiga de cacau ou gordura de palma
1/2 xícara de água
1/2 colher de sobremesa de amido de milho

Modo de fazer:
Misturar tudo no liqüidificador e cozinhar em fogo baixo até obter uma calda grossa. Deve render 240 g de cobertura.

Como poderá observar, essa receita não tem nada de light e ainda contém açúcar. Mesmo assim pode ser considerada equilibrada: porque

1- Cada porção de 20g (uma colher de sopa) contém 2% do VD (quantidade diária recomendada para ingestão do nutriente) de carboidratos, proteínas e fibras, bastante semelhante as melhores coberturas feitas com leite . Bem... porque muitas coberturas compradas prontas são só açúcar, açúcar, açúcar, corante e aroma. Um escândalo!

2- Apesar de ser bem gordinha - tem muita gordura em relação aos demais nutrientes - o teor calórico é compatível com as coberturas de chocolate em geral, ou seja, é para comer pouco. Também não vale trocar a manteiga de cacau ou gordura de palma por margarina ou manteiga, elas são gorduras menos saudáves e podem conter leite.


* Dica: O melhor extrato de soja é aquele produzido pela Olvebra.
** Infelizmente não serve chocolate em pó, tem que ser cacau mesmo, porque o chocolate sempre têm leite misturado.

Sem tempo para fazer? Em www.clarisalimentos.com.br, esta cobertura será light, sem adição de açúcares e muito rica em fibras, o que, infelizmente, ainda não dá pra ser feito em casa.

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Mundo Antigo

“Aquilo que a vanguarda da endocrinologia nos diz hoje, as feiticeiras do período que chamamos Idade das Trevas conheciam por instinto ou aprenderam por experiência. (...) Anatomia, alquimia e farmacologia floresciam entre essa gente muito tempo antes de se tornarem uma prática generalizada. Esses terapeutas da natureza acreditavam que o universo era governado por uma lei e ordem da qual faziam parte todas as pétalas de todas as plantas. (...) Enquanto os médicos eram poucos, praticando selvagens rituais masculinos, como sangrias e extirpação de membros, os naturistas eram capazes de curar as pessoas combinando os poderes curativos das plantas com postura de mãos e conselhos baseados no bom senso sobre dieta, jejum e prece. (...)
Os naturistas percebiam o poder de várias plantas e alimentos para distinguir entre uma comida saudável e substâncias venenosas, freqüentemente utilizavam um instrumento muito comum entre as civilizações antigas: uma forquilha, um pêndulo (...) presa por um pedaço de barbante. (...) Hoje essa arte primitiva está sendo redescoberta por engenheiros e cientistas de todo o mundo e reutilizada para a medição da vitalidade dos alimentos. Enquanto o suco fresco da beterraba açucareira registra 8.500 unidades de saudável e radiante energia, uma porção de açúcar refinado registra zero, embora a soma de calorias inertes possa permancer mais ou menos constante em ambos.”

Dufty, William. Sugar Blues. p. 33-34. Ed. Ground Informação: Rio de Janeiro, 1975